quinta-feira, 30 de junho de 2016

Tocha olímpica em Foz: aqui se respeita a natureza; as pessoas, nem tanto...

Está tudo pronto para a passagem da chama olímpica por Foz do Iguaçu. Hoje e amanhã, a cidade viverá intensamente o clima pré-Olimpíada. Pelas ruas e pontos turísticos, muita movimentação, sirenes e luzes do comboio de veículos oficiais, de patrocinadores, de apoio, de batedores e escolta da polícia, além de 102 pessoas escolhidas para carregar a tocha.

Receber o símbolo do maior evento esportivo do planeta e explorar as imagens e fotografias dele, principalmente nos atrativos turísticos locais tão singulares, são oportunidades valiosas para promover ainda mais a cidade. Será uma festa bonita e animada, sem dúvida.

Aqui em Foz, acredita-se, não matarão nenhuma onça-pintada – até porque esse animal é o símbolo do Parque Nacional do Iguaçu e foco de estudo e conservação por meio do Projeto Carnívoros.

Via de regra, a natureza é respeitada por representar uma riqueza da região trinacional, embora existam casos de tráfico de animais, caça, maus-tratos... Durante a permanência da chama na Tríplice Fronteira, muitas cenas belíssimas junto ao meio ambiente serão registradas e percorrerão o mundo.

Mas nem tudo serão flores por ocasião da passagem da tocha por aqui. O clima de festa e empolgação, parece-me, não tomará conta de toda a cidade. Inclusive há quem “nem esteja aí com isso”. Tudo bem, afinal o espírito olímpico deve estar presente diretamente entre atletas, organizadores, voluntários, enfim, pessoas com alguma participação no evento. E também em quem aprecia o universo esportivo e/ou sabe a importância da presença do fogo em Foz.

Entretanto não é só pela falta de participação direta ou de sensibilidade que o evento deixará de ter importância para muitas pessoas. Para algumas até trará transtornos. E não se trata apenas da interrupção no trânsito durante o desfile do comboio pelas ruas no dia 30 nem no deslocamento dele em direção aos pontos turísticos no dia seguinte. Por determinação de sua diretoria, o Hospital Municipal Padre Germano Lauck suspendeu as cirurgias eletivas.

Considerada referência em tratamentos de urgência e emergência, a unidade estará em alerta caso ocorra algum incidente. Na verdade já está, pois as operações foram interrompidas no dia 25 e voltarão a ser realizadas no dia 2 de julho. Com isso uma grande parcela da população que depende do hospital – e espera muito tempo para ser operada – terá de aguardar mais tempo.

Mas por que pressa, afinal se trata de cirurgias eletivas, aquelas não urgentes. Quem não morreu até agora não morrerá até a retomada delas. Saúde é algo que pode aguardar a efemeridade de uma comemoração pré-olímpica. E como Foz não tem outras unidades capazes de prestar apoio médico diante de alguma necessidade, o jeito é paralisar parte do funcionamento do hospital municipal. Parabéns aos gestores. E um viva à passagem da tocha!

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