terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Simulador de direção não é videogame

Os Centros de Formação de Condutores de quase todo o Brasil (CFCs) estão em polvorosa neste fim de ano, pois têm até o dia 31 de dezembro para passar a oferecer aos alunos os simuladores de direção. A obrigatoriedade de contar com o equipamento é uma determinação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) a partir de solicitações dos Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans).

A maior chiadeira é porque os simuladores custam mais de R$ 40 mil – e claro que as autoescolas não querem investir esse valor na aquisição. O principal argumento é que os equipamentos não servirão para qualificar os futuros condutores e vão encarecer o custo da CNH. Alguns representantes dessas empresas classificam os simuladores como videogames.

Mas será isso mesmo? Como é possível desacreditar antecipadamente na eficiência dos equipamentos sem haver de fato uma experiência? Como compará-los a simples jogos eletrônicos se eles possuem um painel com os mesmos instrumentos e acessórios dos veículos reais, além de câmbio e pedais? Apenas por que apresentam uma tela no lugar do para-brisa e exibem uma realidade virtual?

Vale lembrar que pilotos de automobilismo e de avião, por exemplo, utilizam essas ferramentas de treinamento. Por que para eles é válido e não seria para candidatos a motorista?

Além de darem o primeiro contato para muitas pessoas que nunca se sentaram ao volante de um automóvel, os simuladores também não poderiam contribuir nos casos das pessoas que têm medo inicial de enfrentar as ruas?

Informação

É importante ressaltar que os softwares ainda funcionam como instrumentos de informação, uma vez que acusam as infrações cometidas e as punições previstas no Código de Trânsito Brasileiro. E simulam uma série de situações com as quais o futuro condutor irá deparar-se um dia nas vias públicas e que pode não encontrar durante as aulas práticas nos veículos reais.

A posição contrária do empresariado e representantes de CFCs é compreensível, afinal o investimento é caro. Eles têm a opção de alugar ou comprar os simuladores, porém, como empresas, querem sempre aumentar os ganhos e diminuir os custos. É a lógica capitalista.

A resolução

A Resolução 543 do Contran, de 15 de julho de 2015, é válida inicialmente para quem pretende tirar carteira B ou adicionar/mudar de categoria. Ela não vem para substituir a necessidade de aulas práticas, e sim para dar o primeiro contato do aluno com um veículo, ainda que simulado, antes de ele começar a aprendizagem na rua. Trata-se de um recurso a mais na sua formação.

Estabelece, por exemplo, que seja cumprida a carga horária mínima de 25 horas-aula, das quais 20 em carro de aprendizagem, sendo quatro noturnas, e cinco no simulador, uma em noite simulada. Isso para a categoria B. A norma é perfeita? Evidentemente, não. Um ponto falho, entendo, é permitir que as 20 horas-aula noturnas em via pública sejam substituídas, opcionalmente, pelas ministradas no equipamento eletrônico, desde que uma seja na rua à noite.

Concordo com os instrutores e donos de autoescolas que a formação real é insubstituível, entretanto vejo na simulada uma importante ferramenta de colaboração no período pré-aulas práticas. Para conduzir um veículo é necessário estar bem formado, educado, conscientizado, seja durante a aprendizagem ou após, tanto para novatos quanto para motoristas experientes.

Segundo o presidente do Contran, Alberto Angerami, nos estados do Rio Grande do Sul, Alagoas, Acre e Paraíba, onde os simuladores já são usados, o índice de acidentes diminuiu. Se de fato isso ocorrerá no restante do país, só o tempo mostrará. Mas torço para que o equipamento ajude a formar motoristas melhores.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Nem de táxi nem de bike; de táxi-bike

Você está andando de bicicleta pela cidade e, de repente, um pneu fura. Não há uma borracharia por perto, tampouco carrega os acessórios para fazer o conserto. Ou então você se cansa e resolve retornar para casa de táxi, mas não tem como acomodar a magrela no veículo. O que fazer nessas (ou em outras) situações? Caso esteja em Curitiba, uma opção é chamar um táxi-bike.
Nunca ouviu falar? Bem, é algo novo mesmo. O serviço de táxi-bike passou a ser oferecido na capital do estado no início de outubro. Trata-se, por enquanto, de 60 veículos que adaptaram um suporte no teto para transportar bicicletas. É uma ideia simples, a qual se soma às outras inovações em mobilidade urbana já implementadas em Curitiba. E tem tudo para dar certo.
Inicialmente são 60 veículos adaptados para levar as bikes - Foto: Valdecir Galor/SMCS
Coincidência ou não, o primeiro taxista a adaptar o suporte, Eugênio Custódio de Mello, há 37 anos na profissão, transportou o primeiro cliente. No momento em que saía da oficina, uma pessoa que acabara de comprar a magrela solicitou uma corrida.

Julio Abelardino também aderiu ao táxi-bike e, além de um serviço a mais para a população, vê uma forma de incentivar a prática de atividade física. Ele acredita que, ao sair para pedalar, o ciclista pode optar por voltar para casa confortavelmente de carro após fazer o exercício.
Jardim Botânico
É possível encontrar táxis-bike, por exemplo, no Jardim Botânico, que também ganhou um ponto de parada. Um dos principais atrativos turísticos da cidade, agora o local conta, na entrada, com uma área específica para os profissionais, logo atrás das vagas de estacionamento dos ônibus da Linha Turismo.
Sistema adotado na capital é diferente de alguns no país e no exterior - Foto: Valdecir Galor/SMCS
Curitiba tem 3.002 táxis e 1.988 vagas em pontos de parada. Entre 2014 e 2015 foram abertas 143 vagas, e a Secretaria Municipal de Trânsito estuda abrir mais 46.
Outros modelos
O serviço curitibano não chega a ser uma novidade, mas sim a forma como foi viabilizado. Em São Paulo, uma empresa está patrocinando a instalação de raques na traseira dos táxis, como é feito em carros de passeio. Já em Salvador circulam os velotáxis, ou seja, triciclos adaptados para levar passageiros. Porém, nesse caso, são bicicletas com uma estrutura própria para transportar pessoas, a exemplo da existente em alguns outros países.

domingo, 27 de setembro de 2015

Curitiba a 40 km/h na chamada Área Calma

Apesar de dividir opiniões entre motoristas, a implantação da Área Calma em um determinado perímetro urbano da capital paranaense tem um objetivo bem definido: proteger o pedestre – o sujeito mais frágil no trânsito de qualquer cidade, especialmente das maiores, onde o tráfego é mais intenso e os acidentes são recorrentes.

Estudos internacionais comprovam que a chance de ocorrer uma morte por atropelamento a 40 km/h é de apenas 20%. A 50 km/h, o índice salta para 50%. Já a 60 km/h, chega a 80%. Com base nesses números e na estatística de acidentes de trânsito entre 2012 e 2014, o poder público municipal resolveu criar a chamada Área Calma, na qual os veículos devem trafegar a 40 km/h.

Delimitada pela Rua Inácio Lustosa, Rua Visconde de Nacar, Rua André de Barros, Rua Mariano Torres, Rua Luiz Leão e Avenida João Gualberto, a Área Calma está tendo sua sinalização readequada e ganhando rampas de acessibilidade para aprimorar o deslocamento de pessoas com mobilidade reduzida. Em relação à fiscalização, é feita por agentes de trânsito e por radares fixos e móveis.

O perímetro também receberá um plano de manejo e plantio de árvores, com a finalidade de melhorar a qualidade do ar na região, que já concentra espaços verdes como as praças Tiradentes, Rui Barbosa, Osório, Carlos Gomes e Santos Andrade, além do Passeio Público.

Pela Região Central da capital do estado circulam todos os dias, em média, 700 mil pedestres. É isso mesmo, somente a quantidade de pessoas a pé é maior que a população inteira de Londrina, a segunda cidade mais populosa do Paraná, com 548 mil moradores, segundo o IBGE.

De 2012 a 2014 foram registradas 1.173 ocorrências no centro de Curitiba, com 106 mortes – a maioria por atropelamento (46) e por colisão de veículos (41). Então, além de dar mais segurança a pedestres e ciclistas, bem como a motociclistas e condutores de veículos, o projeto visa a harmonizar a convivência no trânsito.

Todos são pedestres

É ponto pacífico que, se nem todos os pedestres são motoristas, todos os motoristas são, em algum momento, pedestres. Portanto deveriam concordar com a implantação dos 40 km/h. Mas quando se está atrás do volante, muitos parecem considerar apenas o seu lado.

Alguns argumentam que em um trânsito intenso, travado em determinados horários, reduzir a velocidade poderia piorar a situação. Entretanto, como é possível piorar se em alguns trechos a quantidade de carros impede a circulação acima da velocidade estabelecida na Área Calma?

A intenção é diminuir o ritmo de tráfego nos períodos do dia em que ele normalmente flui melhor, pois é quando os motoristas imprudentes abusam da velocidade.

Curitiba é um dos municípios brasileiros participantes do Vida no Trânsito, projeto internacional desenvolvido em dez países e coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Bloomberg Philanthropies. 

A iniciativa, lançada em 2010, faz parte do movimento Road Safety in 10 Countries (RS 10) e tem a proposta de reduzir as mortes nas vias públicas em 50% até 2020. Dessa forma, seja onde for, nada mais justo que, entre outras medidas, reduzir a velocidade de tráfego.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Trincheira concluída. Até que enfim! E agora?

Depois de dois anos e quatro meses foi, enfim, entregue a trincheira na Avenida Paraná, sob a BR-277, ligando o centro e a Vila A. Desde meados de agosto, os motoristas não precisam mais esperar uma eternidade, muito menos arriscar-se, para cruzar a rodovia, como ocorreu por anos.

A obra terminou, e o resultado ficou muito bom, com duas pistas novinhas em ambos os sentidos, sinalização adequada, trânsito fluindo bem e com segurança. Ótimo! Viva! Maravilha! Calma..., não há motivo para tanta empolgação. Se por um lado a trincheira facilitou a vida da população, por outro a benfeitoria vai ser paga também – e como sempre – pelo povo, em especial os usuários da BR-277. E todos eles, independentemente se moradores ou não da cidade.

Como assim? Com o acréscimo de 0,48% sobre o índice do próximo reajuste no preço do pedágio. Ou seja, até quem não utiliza a trincheira vai desembolsar a mais na correção anual para amortizar o investimento da Ecocataratas.

Esse foi o acordo que o governo estadual fez com a concessionária que explora a 277 entre Foz e Guarapuava, para que ela assumisse o trabalho. Inicialmente era outra a empresa responsável pela construção, mas o contrato acabou rescindido depois de a obra ficar embargada por oito meses por falta de segurança aos trabalhadores.

Sobrepreço

Contudo o atraso no término dos trabalhos não gerou apenas transtornos aos motoristas em outros pontos da cidade, com engarrafamentos e acidentes na Avenida JK, no trevo de entrada de Foz na BR-277 e nas imediações desses locais. Provocou também um absurdo sobrepreço de 57,5% no valor original da trincheira. Orçada em R$ 8 milhões, custou R$ 12,6 milhões!

Dessa forma, pelo preço de uma, quase poderiam ter sido construídas duas trincheiras – ou alguma obra de engenharia que desse mais segurança a quem chega à cidade ou acessa a 277 em direção ao CTG Charrua vindo da Costa e Silva. Afinal, pela intensidade de veículos ali, chega a ser, no mínimo, ridículo um cruzamento como aquele. 

E para completar o disparate, no ato da inauguração da obra, foram colocadas placas “Viaduto Governador José Richa” nas laterais da pista da BR-277 sobre a trincheira. Isto é, construíram uma coisa e inauguraram outra. É cômico – tão quanto a denominação escolhida para o local, nitidamente para agradar ao ego do atual governador, filho do homenageado.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

As supermáquinas do “Caçador de Marajás”

Fim dos anos 80. O país se prepara para a primeira eleição presidencial direta após a ditadura militar. Apoiado pela mídia, desponta para o Brasil o governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello. Por manter um discurso enérgico de combate à corrupção e travar uma briga contra funcionários públicos alagoanos que recebem altos salários, passa a ser chamado de “Caçador de Marajás”.

Com a imagem valorizada pelo marketing e pela imprensa, principalmente pelos meios de comunicação que temiam a vitória de Lula, é eleito presidente da República em 1989. Sua gestão é marcada por fatos inesquecíveis, como o confisco da poupança e a renúncia em 1992. Mas não apenas por isso, afinal Collor adorava ser notícia em aventuras como jogging com tênis importados, aulas de caratê e passeio em avião de caça da Força Aérea Brasileira.

Também ganha evidência pela abertura econômica, a qual permite a importação de centenas de produtos, entre eles automóveis. E não poderia ser diferente, pois ainda durante a campanha eleitoral afirma que os carros brasileiros da época “pareciam carroças” se comparados aos estrangeiros. Nisso ele tinha razão, já que os modelos eram bastante espartanos. A partir daí, importados passam a ser vistos nas ruas e, gradualmente, as montadoras começam a sofisticar os veículos aqui produzidos.

Passam-se 23 anos. Nesse tempo, a indústria automobilística nacional cresce, moderniza-se e lança centenas de modelos – alguns inclusive referência para o mercado internacional. Apesar do enorme salto de qualidade, o país não acompanha os mercados estrangeiros, especialmente o europeu e o norte-americano. Embora existam carros de luxo capazes de atender às necessidades dos consumidores brasileiros, eles parecem ainda não ser capazes de satisfazer o hoje senador Fernando Collor.

Os superesportivos

Terça-feira, 14 de julho de 2015. Uma das principais notícias do dia: Polícia Federal apreende um Lamborghini Aventador LP 700-4 Roadster, um Porsche Panamera S e uma Ferrari 458 Italia na Casa da Dinda, residência de Collor em Brasília. Motivo: o parlamentar é investigado na Operação Politeia – fase da Operação Lava Jato que apura suposto envolvimento de políticos na corrupção praticada na Petrobras. Somados, os valores dessas supermáquinas chegam a R$ 5 milhões.

Quem diria, depois de voltar à política, novamente o “Caçador de Marajás” se vê envolvo em denúncias de corrupção. Além disso, vale ressaltar que os superesportivos apreendidos acumulariam dívidas atrasadas. A Ferrari teria R$ 86 mil em débitos de IPVA não quitado; o Lamborghini, R$ 250 mil. Ambos estão registrados em nome de uma empresa da qual o parlamentar é sócio. O Porsche, emplacado em Alagoas, sequer foi totalmente pago ao antigo proprietário. O empresário Luiz Gustavo Malta Araújo alega que vendeu o veículo para a TV Gazeta, da qual Collor é sócio, mas ainda não recebeu R$ 300 mil dos R$ 550 mil acertados pela venda.

A frota de luxo é ainda maior

Não bastasse a ostentação de ter na garagem um Lamborghini, uma Ferrari e um Porsche, o senador possui outros 13 importados, declarados à Justiça Eleitoral em 2014, que totalizam mais R$ 3 milhões aproximadamente. Na coleção, ainda há: Ferrari Scaglietti, Mercedes E320, Cadillac SRX, BMW 760IA, Toyota Land Cruiser, Citroën C6, Land Rover, Hyundai Vera Cruz, Honda Accord, Kia Carnival, Volkswagen Gol 1.6 Rallye e duas Toyotas Hilux. Sem dúvida, uma frota que só um magnata pode comprar e manter!

Irônico e patético que um político alçado à condição de “Caçador de Marajás” viva como um deles e tenha os bens milionários apreendidos numa investigação da Polícia Federal.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Prudência em primeiro lugar

O acidente que resultou na morte do cantor Cristiano Araújo e de sua namorada, Allana Moraes, teve grande repercussão nacional e comoveu milhares de pessoas, principalmente os fãs do músico e familiares das vítimas. Até quem não o conhecia, porém é sensível à dor alheia provocada por acontecimentos inesperados e impactantes, sentiu a gravidade de tal fato.

Ao mesmo tempo em que choca, um sinistro como esse também serve – ou deveria servir – para as pessoas refletirem sobre os cuidados necessários para evitar um acidente e preservar a vida. No caso em questão, apesar de ainda estar sendo investigado, já são conhecidos três fatores que podem ter contribuído e comprovam como a imprudência e a negligência de motoristas e passageiros agravam as consequências de qualquer acidente.

Segundo noticiado amplamente pela imprensa – e confirmado pelas autoridades que tratam do caso –, tanto o cantor quanto sua namorada estavam no banco de trás do veículo e não usavam o cinto de segurança. Como o carro capotou, ambos se chocaram contra o interior do automóvel e foram lançados para fora dele. Já os ocupantes dos bancos dianteiros, que usavam o equipamento, sobreviveram e não tiveram lesões físicas graves.

Esse fato é uma prova inconteste de que o cinto anemiza as consequências de um acidente e, principalmente, salva a vida dos ocupantes de um carro acidentado. Isso já foi comprovado também em testes de impacto promovidos por institutos que avaliam a segurança automotiva. Portanto, seja em longas viagens ou em deslocamentos curtos, nas estradas ou nas cidades, o equipamento deve ser sempre utilizado por todos – todos mesmo, incluindo os passageiros do banco de trás, pois ainda é muito comum a não utilização nele.

Excesso de velocidade

Em depoimento à polícia, o motorista admitiu que conduzia o veículo acima do limite de 110 km/h, embora não tenha determinado a velocidade exata. De qualquer forma, comprova-se que as estatísticas não mentem: transitar acima do limite permitido para as vias é uma das principais causas de sinistros e de óbitos. Algo até óbvio, afinal quanto mais rápido, mais difícil o controle e pior a consequência de uma batida. Porém nem essa obviedade toda nem os números parecem ser capazes de fazer os condutores aliviarem o pé.

Manutenção veicular

Tão importante quanto a forma de conduzir o veículo é fazer a manutenção preventiva dele e adotar os cuidados necessários para uma rodagem mais segura. No caso do acidente que vitimou Cristiano Araújo e Allana Moraes, não cabe dizer que a falta de manutenção pode ter contribuído, pois o Range Rover tinha apenas dois meses de uso.

Entretanto, como apontam os peritos da Polícia Civil e até mesmo funcionários de um lava a jato que higienizaram o carro antes da viagem, uma das rodas apresentava alguns pontos de solda e um deles estaria solto. O conjunto não era o original de fábrica. O próprio motorista disse à polícia que antes do acidente ouviu um barulho e imaginou ser de um pneu estourado. Também revelou que os pneus eram de segunda mão, mas estariam em boas condições.

Então, o estado precário de uma roda pode ter sido a razão do sinistro. Se isso ficar comprovado no fim das investigações, reforçará o que todo dono de veículo deveria saber: as condições de conservação do meio de transporte, seja ele qual for, são imprescindíveis para a segurança e não podem ser menosprezadas.

Não digo que o cantor foi negligente, tampouco o motorista – o qual teria sido avisado pelo dono do lava a jato sobre a falha na roda. Apenas quero ressaltar ser fundamental manter plena a situação de rodagem veicular.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Lei traz mais segurança na compra de veículos

O mês de maio termina com uma boa notícia para quem pretende comprar veículos novos ou usados em empresas do ramo. Trata-se da entrada em vigor da Lei 13.111/15, sancionada em 25 de março pela presidente Dilma Rousseff e com previsão para vigorar em 60 dias.

E o que ela determina? A norma dispõe sobre a obrigação que os empresários têm de informar aos compradores de veículos automotores a regularidade em relação a furtos, multas e taxas devidas, débitos de impostos, alienação fiduciária e qualquer outro registro que impeça a circulação dos bens pelas vias públicas. A lei também menciona o dever de informar a taxa de impostos incidente sobre a venda.

Não que essa prática não fosse algo de praxe nas empresas, pelo menos nas mais sérias, as quais prezam pela ética profissional e respeito aos clientes, mas agora o consumidor pode sentir-se mais seguro por saber que uma legislação específica o protege no momento de adquirir um veículo.

O comprador, muitas vezes inexperiente ou desavisado, passa a ter mais certeza de que o bem não possui pendências de caráter fazendário, policial ou de trânsito. Inclusive, a regularidade deve constar no contrato assinado entre consumidor e vendedor.

Para o empresário que desrespeitar a Lei 13.111/15, está previsto “o pagamento do valor correspondente ao montante dos tributos, taxas, emolumentos e multas incidentes sobre o veículo e existentes até o momento da aquisição do bem pelo comprador”. 

A norma prevê ainda, caso o veículo seja objeto de furto, a restituição integral do valor pago pelo cliente. Além da devolução do pagamento, aplicam-se as penalidades previstas na Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor). 

Em qualquer relação de compra e venda, quanto mais transparência, melhor. E é isso que a nova legislação garante. A aquisição de veículos é, em muitos casos, a realização de um sonho – e um sonho nada barato e conquistado em grande parte das negociações por meio de financiamentos ou consórcios, o que pressupõe a vinculação com o bem em médio e longo prazo. Portanto, segurança nunca é demais!

terça-feira, 28 de abril de 2015

Pioneirismo em aluguel de veículos particulares

Você tem mais de um carro em casa ou tem apenas um mas não o utiliza todos os dias? Então que tal alugá-lo e faturar uma graninha de forma segura? Ou, por outro lado, você gostaria de contar com o serviço de locação de veículos sem a burocracia e com mais opções que em uma locadora convencional?

Se gostou da ideia, saiba que isso é possível em Curitiba, onde funciona a primeira rede de compartilhamento de automóveis de particulares da América Latina. Desde o ano passado, pessoas podem alugar carros de maneira simples e rápida, pelo Facebook, por valores menores que os cobrados pelas empresas do ramo e com a cobertura de uma seguradora.

Ao interessado em disponibilizar seu veículo basta cadastrar-se gratuitamente, analisar as solicitações que receber e fazer a reserva. Ao cliente é necessário escolher entre as opções disponíveis e fornecer o número da CNH, do celular e do cartão de crédito. Após tudo acertado, ambos se encontram para a retirada e devolução da chave.

Uma das vantagens do locatário é pagar somente pelo combustível consumido. Ao pegar o automóvel, deve informar, por SMS, a quilometragem. Ele também recebe um cartão de abastecimento e uma senha, para uso apenas em caso de necessidade. Se não precisar abastecer durante o trajeto, pode entregar o carro sem completar o tanque. Na entrega, informa novamente por SMS a quilometragem. A empresa faz o cálculo e cobra do cliente só a quantidade que ele utilizou.

Esse é um sistema inovador e interessante de compartilhamento. Particulares interessados em ganhar dinheiro com seu veículo podem escolher a quem locar, quando e por quanto tempo, tendo o suporte da empresa que controla a rede e a garantia de uma grande seguradora.

Já quem necessita de um veículo tem a liberdade de optar pelo modelo que mais lhe agrada ou será útil, pagando menos do que pagaria a uma locadora tradicional ou evitando depender de outros meios de locomoção, como táxis e ônibus, ou ainda de pedir carona.
Para saber mais, acesse https://www.fleety.com.br.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Curitiba amplia testes com veículos elétricos

Conhecida pela atenção dispensada ao meio ambiente, Curitiba chegou a ser reconhecida internacionalmente como “capital ecológica”. Hoje esse título talvez não seja mais unânime, mas é certo que a cidade ainda é referência na adoção de ações sustentáveis.

No segmento automobilístico, destaque para testes com veículos elétricos. Em março deste ano começaram a circular dois táxis movidos a eletricidade. Os veículos serão utilizados, em forma de rodízio, por sete centrais de radiotáxi até o fim de maio. A proposta é analisar a viabilidade econômica e ambiental dessa iniciativa.

Se for aprovada tecnicamente, poderá originar negócios inovadores, a exemplo do aluguel de carros elétricos para frotas comerciais. As possibilidades são variadas e precisam ser estudadas.

Com os dois táxis em circulação na cidade, Curitiba se junta a Rio de Janeiro e São Paulo, onde os testes com elétricos já ocorrem há mais tempo. Nesses municípios, a parceria é com a japonesa Nissan. Na capital paranaense, com a chinesa BYD, e os automóveis daqui possuem autonomia de 300 quilômetros com uma carga elétrica. O carregamento leva entre uma hora e meia e duas horas, ao valor de R$ 32.

O menor custo para abastecer poderia refletir na diminuição do preço da corrida para os usuários, e o uso da eletricidade geraria benefícios ao meio ambiente, já que se trata de um combustível limpo. Essa combinação de vantagens poderia reforçar o perfil de cidade ecológica e inovadora de Curitiba.

Inovação já traz resultados

Embora a utilização dos táxis seja recente, a cidade já conta com o emprego de outros dez veículos elétricos dentro do Projeto Ecoelétrico. Trata-se de uma parceria entre município, Itaipu Binacional, Aliança Renault-Nissan e CEIIA (Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel) de Portugal.

Esse projeto integra a política de mobilidade urbana sustentável e compreende o uso de cinco veículos Zoe, três Kangoos Z.E. e dois modelos Twizy pela Guarda Municipal, Secretaria de Trânsito (Setran) e Instituto Curitiba de Turismo.

Em nove meses, os elétricos rodaram 40.075 quilômetros e evitaram a emissão de aproximadamente cinco toneladas de CO2. O monitoramento on-line é realizado pelo CEIIA e permite atualizar indicadores como energia elétrica consumida, número de viagens e distâncias percorridas.

Entre junho e agosto de 2014, segundo dados da prefeitura, os veículos movidos a eletricidade consumiram 83% menos que os a gasolina. O total gasto com energia no período foi de R$ 812, contra cerca de R$ 4,6 mil dos que utilizam o derivado de petróleo.

Se 10% da frota fosse composta por carros elétricos, o montante poupado ultrapassaria R$ 180 mil e 96 toneladas de CO2 deixariam de ser emitidas na atmosfera.

Os benefícios da utilização da energia elétrica como combustível são claros e deveriam pautar investimentos em maior escala, tanto privados quanto governamentais. Os números da experiência curitibana estão aí e poderiam servir de exemplo ao Brasil, cuja frota só de automóveis ultrapassa 48 milhões, conforme dados de janeiro do Denatran.

quinta-feira, 5 de março de 2015

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho

No mês em que a revista Sobre Rodas (revistasobrerodas.com.br) dedica sua edição, mais uma vez, e com total merecimento, às mulheres, vale expor aqui uma realidade brasileira que ainda precisa ser modificada: a diferença salarial entre os sexos. Em pleno ano de 2015, persiste a prática de remunerar melhor (e privilegiar) o homem em muitos cargos. Em média, o sexo masculino ganha 30% a mais que o feminino.

Pelo menos essa é a constatação do estudo “Estatísticas de Gênero – Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010”, realizado pelo IBGE em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres e a Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais e Quilombolas do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Divulgado em outubro de 2014, o levantamento aponta que as mulheres estudam mais, entretanto a formação ocorre em áreas que têm menor remuneração. Também mostra que elas estão mais atuantes no mercado, porém recebem menos que os homens, mesmo tendo aumentado o percentual de mulheres responsáveis pelas famílias e domicílios. Nas áreas urbanas, 39,3% das famílias têm a mulher como responsável. Nos lares em que ela é a chefe (não possui cônjuge mas sustenta os filhos), o índice sobe para 87,4%.

Os números do estudo revelam um avanço na década pesquisada (2000-2010), mas as diferenças perduram. A taxa de atividade profissional subiu de 50,1% para 54,6% entre as mulheres e elas tiveram o maior aumento real do rendimento médio: 12%. Essa é uma conquista importante, contudo ainda percebe-se uma desigualdade, pois o sexo feminino recebe, em média, 68% do que é pago ao sexo masculino.

No ano de 2010, o rendimento médio dos homens era de R$ 1.587; o das mulheres, de R$ 1.074. Segundo o levantamento, a menor diferença foi constatada em cidades com mais de 500 mil habitantes. Em relação às capitais, a desigualdade na remuneração só não diminuiu em Porto Velho (RO) e João Pessoa (PB).

Talvez o dado mais relevante do abismo de gênero seja este: a remuneração média das mulheres pretas ou pardas correspondia a apenas 35% da dos homens brancos (R$ 727 x R$ 2.086). Ou seja, além do fator gênero, os fatores cor e raça também influenciam no salário. Um triplo preconceito!

A diferença entre os sexos é observada ainda entre as faixas etárias. As jovens entre 18 e 24 ganhavam 88% do que era pago aos jovens. No outro extremo, mulheres de 60 anos ou mais tinham rendimento equivalente a 64% do obtido entre os homens na mesma faixa etária.

De acordo com o estudo, em parte as diferenças são explicadas pelo índice de empregadas domésticas e pela menor taxa de formalização feminina no mercado de trabalho. Ironicamente, as mulheres apresentam um nível maior de instrução. Trata-se de um contraste que desvenda uma ultrapassada característica machista da sociedade brasileira.

Embora, por outro lado, esteja crescendo, mas em menor escala, o espaço para as mulheres no comando de empresas e em cargos públicos, o Brasil ainda tem muito a evoluir no combate à discriminação de gênero – assim como em ações contra todo tipo de preconceito que permeia a nação.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O arrocho na cobrança do IPVA

O “pacote de maldades” imposto pelo governo do Paraná à população, com o aval da Assembleia Legislativa, tem na cobrança do IPVA um de seus aspectos mais perversos. O arrocho compreende reajuste de 40% sobre o valor pago em 2014, diminuição de 5% para 3% se o montante for quitado em cota única e divisão da dívida em somente três parcelas – antes eram cinco.

Na prática é isto: os donos de veículos automotores deverão pagar 40% a mais, com um desconto insignificante de 3% à vista ou com um parcelamento menor – o que vai elevar o valor das parcelas, pois naturalmente seriam mais em conta se o prazo anterior para quitação sem juros fosse mantido. Mas não, a ordem é cobrar mais caro e mais rápido!

Embora já saibam disso, talvez os paranaenses percebam melhor a “facada” ao receber, no mês de março, a correspondência com a discriminação do imposto. No bolso, o “golpe” será sentido a partir de abril – com o pagamento da cota única ou da primeira parcela. As demais deverão ser quitadas em maio e junho. O cronograma com as datas varia conforme o fim da placa.

Além da diminuição no número de parcelas, outra mudança negativa aos contribuintes é a imposição do dever de pagar à vista o IPVA de veículos 0 km comprados entre 1º de janeiro e 31 de março. Se você está feliz com o carro novinho, talvez não tenha ficado com essa obrigatoriedade de realizar o pagamento integral até 30 dias após a aquisição. Mas nesse caso, o governo foi benevolente e manteve a alíquota antiga, de 2,5%. A nova, de 3,5%, que resultou no aumento de 40%, será aplicada para os adquiridos a partir de 1º de abril.

O valor do IPVA tem como base a Tabela FIPE, e as alíquotas aplicadas no cálculo variam de acordo com o tipo de veículo: 1% para ônibus, micro-ônibus, caminhões, veículos de aluguel e de carga, de locação e de propriedade de empresas locadoras, e movidos com Gás Natural Veicular (GNV); e 3,5% para os demais automotores.

Estimativa de arrecadação

Segundo o Detran, a frota paranaense chega a 6,4 milhões de veículos em circulação, com 4,3 milhões deles tributados. O lançamento do IPVA 2015 deve atingir R$ 2,8 bilhões. Obviamente há um certo índice de inadimplência todo ano (em média 20%), mas mesmo assim o cofre do governo deve ser bastante reforçado, visto que esse imposto representa a segunda maior fonte de arrecadação para os estados, atrás apenas do ICMS.

Se todas as medidas adotadas pelo governo vão ajudar na recuperação do estado, só o tempo dirá. Vale lembrar que na primeira gestão do atual governador, a Receita Corrente Líquida (arrecadação dos tributos estaduais, mais transferências da União, menos os repasses obrigatórios aos municípios) cresceu de R$ 16,97 bilhões (dezembro de 2010) para R$ 26,46 bilhões (abril de 2014) – 56%, contra 24% de inflação. Já o ICMS teve um crescimento de aproximadamente 69% no período.

Como se vê, arrecadou-se muito, porém se gastou mais ainda. Agora, a população é penalizada com o “pacote de maldades” para tentar remediar as consequências de uma administração equivocada – a qual terá continuidade pelos próximos quatro anos. Mas quem reelegeu o atual mandatário deve estar satisfeito com os rumos do Paraná e certamente não se importará em arcar com a elevação na carga tributária...

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Palio destrona Gol entre os mais vendidos

Depois de 27 anos consecutivos na liderança do rol dos veículos mais vendidos no Brasil, o Gol perdeu o posto para o Palio. A diferença foi pequena, somente 385 unidades, mas o resultado indica que o hatch alemão sentiu a saída de circulação da geração 4, retirada do mercado no início de 2014 para dar lugar ao up!.

Já na conta do italiano, somam-se o Palio Fire e o Novo Palio. Juntos, venderam 183.741 carros. Sozinho, o Gol contabilizou 183.356 unidades – o que leva a crer que se a antiga geração tivesse sido mantida, o alemão teria novamente fechado na liderança.

Não se pode dizer que a aposta no up! foi errada, mas é certo que o pequeno de entrada não empolgou os consumidores como gostaria a Volks. Lançado em fevereiro de 2014, foram comercializadas pouco mais de 5,3 mil unidades por mês. Assim, o up! terminou o ano como o 14º mais vendido, com 58.894 unidades.

Mesmo com bons atrativos, como motor moderno e econômico, menor custo de reparabilidade e notas máximas no teste de impacto do Latin NCAP, entre outros pontos fortes, parece que o pequeno espaço interno, o modesto porta-malas e o design pouco atraente, no meu entendimento, jogaram contra o novato.

Outro fator desfavorável ao veículo de entrada da Volks foi o lançamento do Novo Ka. Comercializado desde setembro, o modelo da Ford aposentou a antiga linha do carro e se apresenta como forte candidato a ocupar os primeiros lugares na lista de mais vendidos, podendo superar inclusive alguns dos já estabelecidos no topo, como Palio, Gol, Uno, Onix, HB20, Sandero e o próprio irmão maior, o Fiesta.

Qualidades para isso o Novo Ka tem de sobra. Seu design é contemporâneo, atualizado ao padrão mundial da montadora americana; os motores são modernos – o 1.0, por exemplo, é o mais potente e econômico da categoria; o espaço interno é bom, em nada deixando a desejar aos rivais maiores; além do sistema multimídia e equipamentos de série, como controle de estabilidade, de tração e de partida em rampas.

Este ano, com o mesmo período de vendas dos demais do segmento, o modelo de entrada da Ford poderá mostrar a que veio. Os 12 meses também servirão para saber se o Gol conseguirá recuperar-se e ultrapassar o Palio, ou se perderá mais colocações, obrigando a montadora alemã a apressar o lançamento de sua nova versão – programada para 2016.

Sim, a Volks já trabalha para atualizar o modelo, cuja frente terá o padrão atual dos irmãos Fox e Golf, entre outras modificações ainda estudadas pela equipe de desenvolvimento. O Polo europeu também servirá de inspiração.

O certo é que a lista dos dez mais vendidos deve ser, mais uma vez, dominada pelos hatches, com a possível presença de algum sedã médio. Em 2014, Siena e Prisma se colocaram na sétima e décima posição, respectivamente. As demais foram ocupadas por Palio, Gol, Onix, Uno, HB20, Fiesta, Fox e Sandero, nessa ordem.