sábado, 27 de setembro de 2014

Dia Mundial Sem Carro x Precariedade do Transporte Público

O Dia Mundial Sem Carro, lembrado com atividades em várias cidades do planeta em 22 de setembro, foi criado na França no ano de 1997 com a finalidade de provocar uma reflexão sobre o uso excessivo dos veículos automotores e propor a utilização de outras formas de deslocamento. No Brasil, a iniciativa é desenvolvida desde 2001.

Esse estímulo à adoção de meios alternativos de transporte, reduzindo a dependência de carros e motos, é fundamental para melhorar a qualidade de vida, reduzir o estresse, diminuir o número de acidentes, entre outros benefícios ao meio ambiente e à saúde, sobretudo nas grandes cidades, onde a concentração de veículos gera as piores consequências.

Mundo afora, o dia 22 de setembro tem a adesão especialmente de grupos de ciclistas, que fazem das “magrelas” sua principal forma de deslocamento. E quem opta pelas bicicletas realmente só tem a ganhar, pois, ao mesmo tempo em que realiza uma atividade física saudável, escapa dos congestionamentos estressantes e dos transtornos do transporte de massa.

Mas nem todas as pessoas gostam ou podem utilizar as bikes para se locomover, não restando alternativa para chegar aos seus compromissos que não os veículos motorizados próprios ou públicos. E nesse caso, é incomparável a comodidade entre um carro e os coletivos (ônibus, metrôs, trens...).

Aqui em Curitiba, considerada modelo em transporte público, é fácil perceber por que milhares de pessoas não trocam os automóveis ou as motos pelos coletivos. Nos horários mais concorridos do dia, os ônibus rodam lotados, apesar do grande número de carros para cada linha e da existência dos famosos articulados e biarticulados, da linha Circular Centro, linha Inter-Hospitais e ligeirinhos, que se constituem opções para os usuários do sistema.

Em 2013, segundo estatística da URBS, 2.225.000 passageiros utilizaram – por dia – os ônibus da Rede Integrada de Transportes (RIT), que liga a capital às 14 cidades da região metropolitana. Diante dessa realidade, por mais estruturada que seja a rede, o que se vê na hora do rush são terminais, pontos de parada e estações-tubo lotados, pessoas embarcando antes mesmo do desembarque de outras, lotação, pisões, passageiros concentrados nas portas... Enfim, cenas que não condizem com a fama de cidade-modelo.

O fato é que, para o Dia Mundial Sem Carro conseguir melhores resultados, é necessário também que o poder público melhore a mobilidade urbana. Somente com condições mais dignas as pessoas trocariam o conforto dos seus veículos pelo transporte de massa – mesmo a viagem de ônibus sendo mais rápida pelas vias exclusivas (onde elas existem).

Mas é claro que cada um pode e deveria fazer a sua parte. Por que não deixar o carro em casa para se deslocar em trajetos curtos? Ou então que tal usar menos vezes na semana o veículo particular? E ainda por que não adotar a carona ou o compartilhamento veicular como alternativa?