quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Vereadores desistem do aumento de cadeiras na Câmara; mas por quê?

Um dia antes da audiência pública para discutir o aumento de 15 para 21 cadeiras no Legislativo iguaçuense, o vereador Hermógenes de Oliveira (PMDB) decidiu pedir a retirada da emenda ampliando em seis o número de colegas na Casa.

O peemedebista se reuniu com os outros cinco vereadores que apoiavam sua proposta — Nilton Bobato (PC do B), Carlos Juliano Budel (PSDB), Edson Narizão (DEM), Sérgio Beltrame (PMDB) e Paulo Rubio (PDT) —, e todos assinaram um requerimento, aprovado por unanimidade, desistindo da ideia.

O clamor popular foi a justificativa para desistir do projeto. E a opinião da comunidade ficou bem clara no abaixo-assinado proposto pela Associação Comercial e Industrial de Foz, subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil, e Convention Bureau que reuniu mais de nove mil assinaturas — total suficiente para mover uma ação de iniciativa popular contra o aumento de vagas.

A desistência dos vereadores na véspera da audiência mostra que eles fugiram da discussão. Um tema desses certamente acirraria os ânimos no plenário da Casa. Embora a Constituição permita a uma cidade com o número de habitantes de Foz ter até 21 cadeiras no Legislativo, a enquete na página da ACIFI revela que 86% dos participantes são favoráveis à redução para nove, número mínimo previsto na Constituição.

Vale lembrar que 2012 é ano eleitoral, então não dá para deixar de ver na retirada da proposta uma jogada política com a finalidade de evitar um desgaste maior dos seis vereadores, já pensando numa tentativa de reeleição no próximo ano.

A desaprovação dos iguaçuenses ao aumento de vereadores demonstra a necessidade de debate antes de qualquer proposta polêmica. Os representantes do povo têm o dever de saber o que a população anseia e apresentar projetos em benefício dela.

Hermógenes, Bobato, Budel, Narizão, Beltrame e Paulo Rúbio perceberam, diante da enorme repercussão negativa, que o povo é capaz de defender seus interesses, especialmente quando incentivado.

Mas Hermógenes está certo quando diz que o apoio da ACIFI, OAB, demais entidades de classe e de representação popular é importante também em outros casos, como a duplicação da BR-277, a construção de viadutos nos trevos de acesso a Foz, e no papel de fiscalizar o Executivo.

A sociedade precisa organizar-se e lutar pelos seus interesses sempre. Só assim conquistará os benefícios que a união pode garantir. Iniciativas isoladas, além de não terem a mesma força, podem induzir ao pensamento de que só há mobilização em casos específicos, os quais atendam a anseios de determinados segmentos da cidade.