segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ortoépia, a forma certa de pronunciar as palavras

Tempos atrás escrevi sobre a pronúncia correta da palavra recorde (paroxítona, portanto com a penúltima sílaba tônica e sem acento), erroneamente pronunciada “récorde” por muitas pessoas, inclusive jornalistas.
O colega Osni Gomes sugeriu um texto específico sobre o tema ortoépia, ou ortoepia, que se trata da arte de pronunciar corretamente os vocábulos. Aqui está, Osni, e obrigado pela sugestão!
Um dos termos pronunciados de forma incorreta com muita frequência é “Nóbel”, em alusão ao prêmio que leva o nome do sueco Alfred Nobel, inventor da dinamite. A vocalização certa é “Nobél”, mesmo não havendo o acento agudo.
O vocábulo é uma oxítona, em que a sílaba tônica é a última. Minha dica é lembrar-se de Noel, pois assim se evita a pronúncia errada.
Outra palavra pronunciada equivocadamente é “íbero” — sinônimo de ibérico (referente aos países da América Latina, mais Portugal, Espanha e Andorra). Pronuncie “ibéro”, porém escreva sem acento.
Mas a ortoépia também abrange a nasalização incorreta de vogais, isto é, a inclusão indevida da letra ene (n) em alguns termos. Por exemplo: “mendingo”, em vez de mendigo; “sombrancelha”, no lugar de sobrancelha; “buginganga” ou “bungingaga”, em vez de bugiganga.
A troca de posição de fonemas é outro erro. Já vi algumas palavras escritas ou pronunciadas equivocadamente, a exemplo de “metereologia” (e não meteorologia) e “mulçumano” (muçulmano).
No rol dos erros de pronúncia está a substituição de fonemas. Note que o correto é poleiro, não “puleiro”; bueiro, não “boeiro”; disenteria, não “desenteria ou “desinteria”.
Acrescentar letras em vocábulos configura equívoco: “estreiar”, “freiada”, “azuleijo”... Da mesma forma, deixar de colocar fonemas: “corre”, no lugar de correr; “saí”, em vez de sair; “revindicar”, em vez de reivindicar.
É isso. No próximo texto vou explicar a prosódia, que é a correta acentuação das palavras, e também provoca dúvidas.

sábado, 21 de maio de 2011

Em seis anos na Ferrari, o que Felipe Massa provou?

Para muitos brasileiros, após a morte de Ayrton Senna, em 1994, a Fórmula 1 deixou de ser interessante. Para outros, a esperança da conquista de títulos recaiu sobre Rubens Barrichello e, mais tarde, Felipe Massa.

Mas a torcida, desde aquele fatídico 1º de maio, quando o tricampeão se foi, tem sido em vão. A “responsabilidade” de repetir os feitos de Senna foi transferida a Barrichello, piloto da Ferrari entre 2000 e 2006. 

Na melhor equipe, os fãs da modalidade acreditaram que o Brasil teria mais um campeão. Entretanto as expectativas não se concretizaram, afinal, na escuderia italiana, também estava Michael Schumacher. 

A combinação melhor carro/melhor piloto e o posto de número 1 no time fizeram o alemão marcar seu nome na história como o maior vencedor e detentor dos mais importantes recordes nas pistas, frustrando as expectativas brasileiras. 

Mesmo preterido na Ferrari, Rubinho mostrou a sua competência, conquistando dois vice-campeonatos, nove vitórias, 25 segundos lugares, 21 terceiros lugares, além de poles e voltas mais rápidas. Assim, contribuiu muito para os cinco títulos de construtores da equipe italiana naqueles anos.

No entanto, o trabalho duro dele não foi reconhecido pelos brasileiros, que só queriam saber de títulos, e o piloto passou a ser alvo de muitas gozações e críticas. Mas a qualidade de Barrichello nunca deixou de ser reconhecida no mundo da Fórmula 1, tanto que ele detém o recorde de GPs disputados na história da categoria — mais de 300, desde 1993.

"Era Massa"

Em 2006, com o fim do contrato de Rubinho, a equipe italiana contratou outro brasileiro: Felipe Massa. As atenções e expectativas se concentraram no promissor e jovem piloto, também companheiro de Schumacher.

No ano seguinte, o alemão deixou as pistas, fazendo os brasileiros pensarem que Massa ocuparia um lugar de destaque no rol dos campeões. Contudo, ele não correspondeu — e ainda não corresponde — às expectativas dos torcedores. 

A diferença entre ele e Rubinho é que Massa não é foco de gozações e injustiças. Na competência, o primeiro está muito à frente. E os resultados falam por si. Vale lembrar que nos últimos seis anos, o atual piloto da Ferrari — não tendo a concorrência direta e a preferência de Schumacher na equipe — também não chegou ao título mundial.

Com o equilíbrio restabelecido após a saída do heptacampeão, tanto em talento quanto na competitividade entre as três principais escuderias (Ferrari, McLaren e RBR), Felipe tem se mostrado o pior dos seis pilotos — à exceção de 2008, quando terminou em segundo lugar o campeonato.

É verdade que 2009 foi marcado por um grave acidente, porém nas temporadas anteriores “a esperança brasileira” foi superada pelo companheiro Kimi Räikkönen, em 2007, e pelos rivais Lewis Hamilton, em 2008, Jason Button, em 2009, e Sebastian Vettel, em 2010. E neste ano, após quatro GPs, Massa ocupa a sexta posição, com apenas 24 pontos.

Neste domingo será disputado o Grande Prêmio da Espanha, e ele largará em oitavo, atrás inclusive do russo novato Vitaly Petrov, da Renault, e do alemão Nico Rosberg, da Mercedes. Aos fãs, resta conferir seu desempenho, mas, recomendo, sem manter a esperança de um bom resultado, para evitar mais uma decepção no fim da prova.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Você sabe colocar pronomes em locuções verbais?


Depois de dois textos sobre próclise, mesóclise e ênclise, o tema desta postagem é colocação pronominal em locuções verbais. 

Antes das explicações é necessário lembrar que locução verbal é formada por verbo auxiliar + verbo no infinitivo, no gerúndio ou no particípio.

Apesar de o nome ser complicado, as regras são simples. Vamos a elas:

1)    Verbo auxiliar + verbo no particípio: o pronome deve ser colocado depois do auxiliar. Veja:

• Tinha-o feito mal, por isso o garoto temia aquela babá.

• Foi-lhe dito que reprovaria se não estudasse.

Havendo palavra atrativa, o pronome precede o verbo auxiliar.

• Não o tinha feito mal, por isso o garoto não temia a babá.

• Nunca lhe foi dito que reprovaria se não estudasse.

2)   Verbo auxiliar + verbo no gerúndio ou no infinitivo: o pronome aparecerá após o verbo auxiliar ou após o principal; tanto faz.

O detetive estava o filmando, como pediu a sua cliente.

O detetive estava filmando-o, como pediu a sua cliente.

Você precisa se conformar com o resultado.

Você precisa conformar-se com o resultado.

Atenção: se houver alguma palavra atrativa, o pronome será empregado antes do auxiliar ou depois do principal.

Sempre lhe quis contar a verdade, mas tinha medo.

Sempre quis contar-lhe a verdade, mas tinha medo.

Mas nunca entre os dois verbos: “sempre quis lhe contar...”

Quem o acabou convencendo a viajar?

Quem acabou convencendo-o a viajar?

E não: “quem acabou o convencendo...”
 
É isso. Com este texto se encerra a série sobre colocação pronominal. Até breve!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Colocação pronominal, parte II — mesóclise e ênclise


Além da próclise, tratada na primeira parte do tema, a colocação pronominal também abrange a mesóclise e a ênclise. A primeira, menos usual; a segunda, mais fácil de memorizar. Vamos a elas:

Mesóclise ocorre quando o pronome aparece no meio do verbo. Mas atenção, só no futuro do presente (algo que vai acontecer: comprarei, viajarás, sairá, emprestaremos, correrão) e no futuro do pretérito (algo que deixou de acontecer: devolveria, beijaríamos, assumiriam).

• Comprar-lhe-ei muitas joias.

• Se você permitisse, seu colega beijar-te-ia.

Entretanto, se houver uma palavra atrativa, ocorrerá a próclise.

• Não vos emprestarei os meus novos CDs.

• Quem se assumiria responsável pelo crime?

Ênclise é a forma de mais fácil memorização e aplicação. Aparece em quatro casos:

1)   No início de frase ou após pausa:

Convidaram-na para sair, mas ela recusou.
E não: “A convidaram”...

Pelo bom desempenho nas competições, convocaram-nos para a seleção principal.
Nunca: Pelo bom desempenho nas competições, “nos convocaram”...

2)   Com o verbo no infinitivo impessoal:
Infinitivo impessoal é a forma natural do verbo, não relacionada a nenhuma pessoa.

• É recomendável contar-lhe tudo, para evitar mais problemas.
Não caberia: “lhe contar”.

• O candidato procurou preparar-se com as melhores apostilas.
Também estaria errado: “se preparar”.

3)   Com verbo no imperativo:
Imperativo é o modo que imita ordem, pedido, conselho, sugestão, proposta.

• Levante-se mais cedo, para não perder a hora.

• Se continuar fumando, vai sofrer as consequências, mais cedo ou mais tarde. Então preocupe-se!

• Faça-nos um favor, fique em silêncio!

4)   Com verbo no gerúndio:
O adolescente, ofendendo-nos assim, prejudicará mais a sua situação.

Entregando-a ainda hoje, qual o prazo de entrega?

Mas se o gerúndio vier antecedido de palavra atrativa ou de preposição, também deverá ser usada a próclise.

Ninguém está me compreendendo direito.

• É muita falsidade aquele recado o chamando de querido. 

• Catarina gosta de romance, em se tratando de filme.

O próximo texto abordará a colocação pronominal em locuções verbais. Até breve.

sábado, 7 de maio de 2011

Colocação pronominal, parte I — próclise


Próclise, mesóclise e ênclise. Essas palavras, um tanto esquisitas, caracterizam a colocação pronominal em relação aos verbos nas frases. Ou seja, os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as e lhes) podem aparecer antes, no meio ou depois dos verbos.

Esse tema, só para variar, causa divergência entre os gramáticos. Embora existam regras, alguns defendem o “não-engessamento” da colocação pronominal. Particularmente, prefiro seguir as normas oficiais.

Neste primeiro texto sobre o assunto, abordo a próclise, que envolve a maior parte dos casos. O leitor lembra o que é próclise? É a colocação do pronome oblíquo antes do verbo, e ocorre nos seguintes casos:

a)   Com palavras ou expressões negativas (não, nunca, jamais, nada, nem, de modo algum).
Alguns exemplos:

• Não me arrependo do que disse.
Perceba que o ‘não’ atrai o pronome ‘me’ para antes do verbo.

• Marina comprou sem pesquisar; nem se deu conta da diferença de preços.
Nesse caso, o ‘nem’ também puxou o ‘se’. 

b)   Com pronomes relativos (que, o qual, a qual, cujo, cuja, quanto), demonstrativos (isso, isto, aquilo, esse, este, aquele, essa, esta, aquela) e indefinidos (algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, tanto, quanto, qualquer, alguém, ninguém, tudo, outrem, nada, cada, algo).
• Foi a mãe das crianças que as ensinou a pintar.
Observe: ‘que as ensinou’; e não: ‘que ensinou-as’
 
• Essa explicação nos convenceu a mudar de ideia.
Aqui, o correto é ‘nos convenceu’. Não poderia estar escrito ‘convenceu-nos’.

• Alguém me mostrou o caminho a seguir.
E não, ‘mostrou-me’.

c)    Com pronomes interrogativos (que, quem, qual, quais, quanto, quantos, quantas).
• Quem lhe disse o motivo da comemoração?

• De todas as músicas, qual a emocionou mais?

d)   Com gerúndio precedido da preposição em.
• Em se tratando de rebeldia, aqueles adolescentes ganham disparado.

• Não restam dúvidas, em se falando de livros, sobre a qualidade do acervo público.

e)   Com frases exclamativas.
• Deus lhe pague!

f)     Com formas verbais proparoxítonas.
• Nosso carro é novo. Se o vendêssemos, seria possível quitar a dívida.

g)    Com advérbios.
• Priscila sempre se dedicou aos estudos.

• Certamente o encontraram dormindo.

• Pouco se fez pela moralização na política.

• Aqui a fizeram refletir depois de tantas atitudes impensadas.
 
É isso. No próximo texto, mesóclise e ênclise. Até breve!