quarta-feira, 16 de março de 2011

Não use “a maior” e “a menor” para expressar quantidade


Amigo leitor, alguma vez você já ouviu ou leu as expressões “a maior” e “a menor” em frases que faziam referência a quantidade? Em caso afirmativo, saiba que presenciou um equívoco.

Quando tais expressões corresponderem a uma quantia maior ou menor à esperada, devem ser substituídas por a mais e a menos. Simples, não? Então não se deixe levar pelo uso errado delas no dia a dia.

Tanto a mais quanto a menos podem ser empregadas com unidades ou valores. Eis alguns exemplos:

• O funcionário transferiu um valor a mais do que deveria.

• As vendas resultaram numa cifra a menos que a projetada pelos organizadores da feira.

• A fabricação de carros cresceu neste trimestre; foi cerca de 15% a mais que a estimada para o período.

• Produtores foram surpreendidos com uma colheita insatisfatória, bem a menos da previsão inicial.
 
É isso. Até a próxima dica!

sábado, 12 de março de 2011

Não confunda “a ver” e “a fim” com “haver” e “afim”


Algumas expressões da língua portuguesa podem causar confusão quando precisam ser grafadas, ocasionando eventuais erros. Esse é o caso de a ver e a fim, que podem ser confundidas com haver e afim, mesmo tendo significados distintos.

A primeira delas (a ver) pode ser entendida como sinônimo de relação, conexão — e causar dúvidas e equívocos na sua aplicação. Já “haver”, apesar da pronúncia igual, é um verbo transitivo e tem seu uso bastante conhecido. Eis alguns exemplos:

• Seu discurso não tem nada a ver com suas atitudes.

• Uma coisa nada tem a ver com outra.

• Eles não têm nada a ver, mas são bons amigos.

Nos contextos acima, fica evidente a ideia de conexão, relação; portanto não caberia a forma “haver”.

A segunda expressão da qual quero tratar é a fim (de). Ela significa ter intenção, ter a finalidade de, pretender... Pode ser confundida com afim, substantivo que indica afinidade, relação — por isso é necessário prestar atenção no contexto. Acompanhe os exemplos e perceba as diferenças:

• Olavo me disse estar a fim de ir pescar no feriado.

• Clarisse e Helena manifestaram pensamentos afins.

• O regulamento foi elaborado a fim de esclarecer qualquer dúvida sobre a competição.

• Ambas as publicações contêm um tema afim: a importância de doar sangue.
 
É isso. Até breve.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Por que ser contra a Copa no Brasil


Bilhões de reais sairão dos cofres públicos para construir estádios; e depois do Mundial?

O Brasil carece de investimentos públicos em saúde, educação, segurança, infraestrutura, habitação, enfim, em diversas áreas. Essa é uma realidade incontestável em todo o território nacional. E o argumento para justificar tal situação é sempre o mesmo: a falta de dinheiro.

Mas seria verdadeira essa alegação num país que arrecada trilhões de reais por ano em impostos? Se for, tenho um questionamento a fazer: de onde o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai tirar recursos para investir na construção de estádios de futebol?

Se há dinheiro em caixa para levantar as arenas esportivas visando à Copa do Mundo em 2014, por que não há para obras de saneamento básico, casas populares, postos de saúde, creches, escolas? Ou investir no bem-estar da população brasileira não é infinitamente mais viável do que erguer estádios para um evento esportivo de somente um mês?

Claro que uma Copa do Mundo tem seu glamour, sua importância histórica, trará milhares de turistas e muito dinheiro para a economia. Entretanto, seja o montante que for, não seria nada frente ao que a sociedade poderia lucrar com o direcionamento de verbas públicas a projetos, programas e obras de seu interesse e benefício direto.

E depois da Copa, o que será dos estádios em locais com pouquíssima tradição no futebol e sem times competitivos? Alguém imagina o futuro das estruturas milionárias edificadas, por exemplo, no Amazonas, Mato Grosso e Brasília? Será que elas seriam utilizadas e mantidas corretamente após sediarem poucos jogos do Mundial?

Outra razão para não se construir obras do zero, especialmente com recursos públicos, no meu entender, é a existência de estádios nas 12 cidades-sedes. O Brasil não é considerado o país do futebol? Não são realizadas diversas competições todo ano? Então, para atender às exigências da FIFA, as estruturas já existentes não poderiam ser reformadas ou ampliadas?

O Morumbi, por exemplo, maior estádio particular do Brasil, com capacidade e condições para receber final de Taça Libertadores da América, não poderia sediar partidas da Copa? Poderia, é claro! Mas ele foi descartado porque a CBF e o Corinthians estão de conluio para o alvinegro poder, enfim, ter um estádio próprio.

Chamado provisoriamente de Itaquerão, já foi confirmado pela FIFA como sede do Mundial em São Paulo. A obra custará R$ 600 milhões, e quem será que vai pagá-la?

Só para lembrar, o BNDES já assinou contrato de financiamento com os estados da Bahia (R$ 323,6 milhões), do Amazonas (R$ 400 milhões), do Ceará (R$ 351,5 milhões) e do Mato Grosso (R$ 393 milhões). O projeto da Arena de Pernambuco está em fase final de aprovação. E a reconstrução do Maracanã também será financiada pelo banco. 

O montante para viabilizar essas obras ultrapassa R$ 2 bilhões. Então, uma pergunta que não quer calar é: seria possível melhorar a vida dos brasileiros se esses recursos públicos fossem investidos em nosso benefício? Se a sua resposta for sim, talvez você entenda por que ser contra a Copa do Mundo no país em 2014.

terça-feira, 1 de março de 2011

A polêmica dos verbos defectivos

Uma das características da língua portuguesa é possuir grande quantidade de tempos, pessoas e modos verbais. Isso pode levar ao cometimento de equívocos na conjugação — especialmente no caso de verbos defectivos. 

Para quem não lembra, defectivos são aqueles incompletos, “defeituosos”, não conjugados em todas as pessoas. Por isso exigem atenção redobrada!

A conjugação incompleta dos defectivos causa dúvidas e resulta, muitas vezes, em aberrações sonoras ou escritas. Na realidade, nem mesmo os gramáticos são unânimes sobre o tema.

Para muitos deles, apenas a primeira e a segunda pessoa do plural do presente do indicativo e a segunda pessoa do plural do imperativo afirmativo são conjugadas.

Veja alguns verbos: adequar, falir, foragir-se, precaver, precaver-se, reaver, remir. No caso do adequar, por exemplo, existiriam somente as conjugações (nós) adequamos, (vós) adequais, e adequai (vós). 

Também são defectivos os verbos impessoais (presentes em frases sem sujeito), tais como os que indicam fenômenos da natureza, conjugados só na terceira pessoa do singular. Exemplos: chove, neva, venta...

Segundo outros autores, a conjugação seria incompleta no presente do subjuntivo; no imperativo negativo; e na primeira pessoa do singular no presente do indicativo — sendo normal nos demais tempos e modos. Eis alguns verbos: abolir, banir, carpir, colorir, delinquir, explodir, extorquir.

Assim, o explodir, por exemplo, ficaria da seguinte forma:
a)   Presente indicativo: eu —, tu explodes, ele explode, nós explodimos, vós explodis, eles explodem.
b)   Não existiria no imperativo negativo e no presente do subjuntivo.
c)    Normal nos demais tempos, modos e pessoas.
É isso.